Rio -
Agentes da Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD) prenderam, às
22h desta terça-feira, o pastor evangélico Marcos Pereira, da
Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Os policiais cumpriram dois
mandados de prisão expedidos pela Justiça contra ele por estupro a duas
fiéis da igreja. Pereira foi detido na Rodovia Presidente Dutra, em São
João de Meriti, na Baixada Fluminense.
De
acordo com o titular da DCOD, delegado Márcio Mendonça, o pastor é
investigado ainda em mais quatro denúncias de abusos sexuais. Todos os
casos também envolvem fiéis da Assembléia de Deus. As suspeitas sobre
Marcos começaram há cerca de um ano, quando a
delegacia especializada abriu inquérito para investigar o religioso por
lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e quatro
homicídios.
Uma das denunciantes de estupro, ainda segundo o delegado, é a ex-mulher do
pastor. Outra contou à polícia que foi abusada dos 14 aos 22 anos. Os
mandados de prisão preventiva foram decretados pelos juízes Richard
Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota
LIma, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca.
Entre as mortes em que o pastor Marcos Pereira é investigado está a de
uma mulher que teria descoberto sessões de orgia que seriam promovidas
por ele em um apartamento na Avenida Atlântica, na orla de Copacabana,
Zona Sul do Rio. O imóvel está em nome da igreja e avaliado em R$ 8
milhões. Segundo Márcio Mendonça, um irmão do pastor foi condenado por
este crime.
Marcos Pereira está preso na sede da DCOD, no Andaraí, Zona Norte do
Rio. Vários fiéis estiveram no local para prestar solidariedade ao
pastor. Eles foram embora pouco antes de 1h. O religioso será
transferido na manhã desta quarta-feira para o Complexo Penitenciário de
Gericinó, na Zona Oeste. Segundo o delegado, ele não tem formação
superior em Teologia e ficará preso em uma cela comum.
Famoso por intermediar rebeliões e salvar bandidos
Marcos Pereira ficou famoso por intermediar rebeliões em presídios e por
converter, supostamente, traficantes para a igreja. Pereira também teve
destaque no noticiário ao negociar a libertação de virtuais vítimas,
que seriam assassinadas em tribunais do tráfico de drogas em morros e
favelas do Rio.
O pastor chegou a trabalhar em parceria com a ONG AfroReggae, na
recuperação de jovens envolvidos com o tráfico de drogas e traficantes
que cumpriram penas. A parceria acabou depois de troca de acusações
entre o pastor e o líder do grupo, José Júnior.
Segundo Júnior, Pereira teria envolvimento nos atentados cometidos por
líderes do tráfico em 2006, com vários ônibus incendiados na cidade. Na
ocasião, em 2012, José Júnior disse ainda que, se fosse morto, o culpado
seria o pastor.
Ex-pagodeiro defende pastor
Um dos membros da Assembléia de Deus dos Últimos Dias que esteve na DCOD
pela levar apoio a Marcos Pereira foi o missionário Waguinho.
Ex-integrante do grupo de pagode Os Morenos, ele disse que o coordenador
do Afroregfgae tem inveja do trabalho feito pela ONG do pastor. Segundo
ele, oito mil pessoas foram recuperadas do tráfico de drogas com o
trabalho de Pereira.
"É uma denúncia (estupro) antiga que até hoje não se tem prova, uma
investigação de anos. O pastor sempre se apresentou quando solicitado..
Ele realiza uma obra de recuperação de pessoas que o Brasil, o mundo
conhecem", defendeu Waguinho.
Candidato a prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, nas últimas
eleições, Waguinho insinuou que a prisão de Marcos Pereira pode ter
cunho político. "Todo mundo sabe o que está acontecendo. Estamos
chegando em 2014", disse, se referindo às eleições que serão realizado
no ano que vem.
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